A Psicologia por trás do BBB: entenda por que o reality é tão difícil para alguns participantes

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A Psicologia por trás do BBB: entenda por que o reality é tão difícil para alguns participantes

Todo início de ano um novo assunto surge nas redes sociais: o Big Brother Brasil. Sendo um dos realitys mais famosos da TV brasileira, muito se tem falado sobre a psicologia por trás do BBB.

Inclusive, a temática ganhou força nos últimos anos por motivos diferentes. Se na versão de 2020 tivemos a participante Manu Gavassi, que desafiou e questionou alguns aspectos da casa, em 2024 tivemos a questão psicológica de Vanessa Lopes, bem como algumas campanhas do Janeiro Branco.

Entretanto, com todo a temática em alta, é importante entender por que a participação parece ser tão fácil para alguns, mas extremamente difícil para outros. Simultaneamente, falemos sobre algumas questões internas que nem sempre são divulgadas na televisão, como o impacto da decoração, dessa mudança de situação e mais.

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Boa leitura!

A psicologia por trás BBB: Um grande experimento social

Primeiramente, vale dizer que um dos primeiros realitys shows no formato que conhecemos hoje aconteceu em 1973, o An American Famiiy.

O sucesso foi tanto que Margaret Mead, antropóloga, disse ser uma “invenção significativa quanto a criação do drama”.

Mais tarde, surgiu o The Real World, com duração de seis meses, um verdadeiro sucesso em 1992 e, no final dos anos 90, o Survivor e a primeira edição do BBB Holanda.

Na prática, o reality funciona como um grande experimento social, em que uma “fatia” da realidade é presa em uma casa. Pessoas distintas são forçadas a conviver, conhecer pessoas diferentes, resolver desafios e mais. Ali, tudo é uma competição, incluindo o quanto o participante aparece (o tempo de tela).

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Dessa forma, muitos acabam por lutar – os famosos jogadores, enquanto outros acabam por fugir – conhecidos como “plantas”. Ademais, tudo é uma grande novidade na qual cada um tem um estilo de vida, hábitos, preferências e posicionamentos.

Isso sem falar em alguns castigos e provas, divisão de quartos, criação de pequenos grupos e a lista segue. A Super Interessante publicou uma matéria interessante sobre o sucesso do programa.

Uma decoração de incômodo

Junto de todo o experimento social, a psicologia por trás do BBB envolve a decoração da casa que, provavelmente, você já notou que incomoda.

Ainda que muitos não saibam, toda a decoração em tons vibrantes, misturas, desenhos e excesso de informação tem um intuito: provocar, estressar, gerar conflito e tensão.

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Simultaneamente, a decoração é repleta de muita luz artificial branca – responsável por hiperestimular o cérebro. Ou seja, causa picos de estresse.

Com isso, todos os participantes sofrem com a confusão entre dia e noite (além de nunca saberem exatamente que horas são), a fuga do convencional, a falta de informação, falta de conforto, alteração na concentração e atenção, etc.

Enfim, além da decoração e de todo o ambiente que provoca os participantes, há ainda a questão de ser vigiado o tempo todo (mesmo para tomar banho).

Por que o reality é tão difícil para alguns participantes?

A psicologia do BBB traz alguns apontamentos importantes. Como a pandemia, por exemplo, havia uma preocupação em relação aos familiares que estavam do lado de fora, deixando muitos participantes mais sensíveis.

Da mesma maneira, quando os famosos começaram a participar do reality, muitos questionaram sobre o programa ficar “sem graça”. Isso decorria do medo desse elenco em prejudicar a imagem que já tinham aqui fora, algo que os desconhecidos não temiam.

Ainda assim, sempre houve exceções interessantes.

Um aspecto interessante é que o BBB como um experimento social, sempre destaca alguns assuntos, como preconceitos (destaque para a Xenofobia em 2021.

Em 2024, a temática que entrou em pauta foi o Janeiro Branco, devido a todo o acontecido com a participante Vanessa Lopes.

Janeiro Branco é uma ação de ampliar a consciência acerca da saúde mental, educar e conscientizar mais pessoas, trabalhar no desenvolvimento individual, etc.

Em resumo, a sister apresentou uma série de comportamentos estranhos e preocupantes relacionados a sua saúde mental. A pressão foi tanta que ela acabou desistindo do programa.

Enquanto outros brothers pareciam tranquilos, ela (e outros) demonstravam que o programa parecia mais difícil de ser suportado.

Na Psicologia, encontramos uma série de tópicos que mostram como alguns indivíduos podem ser mais sensíveis. Geralmente, estão ligados a aspectos pessoais e sociais, ou seja, a maneira como vivem aqui do lado de fora.

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Frequentemente, pessoas que tem uma vida mais “dura”, que já passaram por uma série de obstáculos e precisaram enfrentar tudo “de frente”, conseguem ver o programa como um novo desafio.

Por outro lado, aqueles que vivem em uma “bolha”, protegidos de problemas, que não tiveram um desenvolvimento emocional ou afetivo adequado, acabam por sofrer mais dentro da casa mais vigiada do Brasil.

A Psicologia por trás do BBB: entre erros e acertos

Seguindo nessa perspectiva, não se trata apenas de uma questão pessoal, mas dos demais participantes. Afinal, existe um grupo ali dentro.

Dessa forma, alguns brothers descobrem pessoas completamente diferentes daquelas que convive no dia-a-dia. Ao mesmo tempo, hábitos e falas ganham novas (e maiores) proporções.

Logo no início do BBB 2020, o comportamento de alguns atingiu um patamar problemático que levou a uma série de ações aqui fora, desde o cancelamento e linchamento virtual, até a discussão sobre a cultura que seguimos.

A exemplo, podemos destacar falas em que um dos brothers dizia que “faltava novinhas” na casa, “fazer as mulheres casadas cederem para mostrar a fraqueza delas”, de “queimar a imagem das mulheres da casa” e os xingamentos quando uma das Sisters dizia “não” para uma investida.

Mesmo com todos os erros dos participantes, isso demonstra as brechas da nossa sociedade e a importância de falar sobre temas difíceis.

BBB 2024: o que podemos aprender?

A psicologia por trás do BBB traz uma reflexão importante aqui na plataforma, o que podemos aprender com tudo isso que vem acontecendo na tv?

Com a última participante a desistir do programa, Vanessa, vemos uma série de coisas valiosas sobre a humanidade: o impacto do isolamento, da quebra da bolha na qual vivia, a distância de tudo e a abstinência (do celular e internet), são capazes de causar.

Além disso, podemos destacar uma série de sintomas característicos desses quadros: a inquietação, irritabilidade e a sensação de que tudo parece extremamente “grande” e problemático.

Após a saída de um “aliado”, diversos vídeos ganharam notoriedade. Entre eles, vemos a participante falando sozinha e criando teorias que parecem absurdas demais (observadas aqui de fora), os questionamentos sobre a identidade dos demais brothers e a lista segue.

Cabe destacar que alguns levantaram a hipótese de tudo ser parte de um personagem. Entretanto, com a desistência do programa, essa teoria parece não fazer sentido.

Alguns ex-participantes falaram sobre o tema e dizem entender alguns dos sentimentos de Vanessa, como a empresária e influencer Viih Tube (que foi considerada uma das melhores jogadoras do reality).

Segundo a própria sister Vanessa, “todos os traumas estão na casa”. Dizendo que queria mostrar quem era de verdade para o público, ela ainda falou sobre o medo de ser cancelada, de fazer parte de alguma rivalidade feminina, das pessoas interpretarem algo errado.

Agora, vamos refletir: imagine entrar em uma casa em que não conhece ninguém, que é incômoda, totalmente vigiada e fora do seu controle. Mesmo estando estável psicologicamente, tudo isso causa um abalo interno.

Com uma passagem curta no programa Big Brother Brasil (12 dias), a participante Vanessa Lopes apresentou uma série de aspectos que deixou todos curiosos sobre o que havia acontecido. 

Após sua desistência e “sumiço” de todos os meios digitais (ficando offline por um mês), sua primeira aparição oficial aconteceu no dia 18 de fevereiro no Fantástico. 

Segundo a “sister”, o psiquiatra que a acompanha conclui que ela teve um quadro psicótico agudo, no qual a mente rompe com a realidade. Nesses casos, o indivíduo não consegue entender ou diferenciar o que é (ou não) sua imaginação, ficando com uma percepção turva das coisas. 

É importante destacar que o caso da participante ocorreu por um misto de estresse, ansiedade, falta de sono e medo por toda a situação. 

Sem nenhum indício anterior ou mesmo histórico, esse quadro acontece em pessoas que possuem um funcionamento normal, com uma quebra brusca da realidade em determinado momento. 

Para ler na íntegra, confira a página G1

BBB e saúde mental

Por fim, há a expectativa da participante falar sobre o tema, algo que ainda não aconteceu, mas junto a isso, existe a necessidade de focar no próprio cuidado e garantir um excelente atendimento psicológico.

Seja antes, durante ou após a participação no reality, entendemos a importância de trabalhar nossas emoções, bem como entender que existem limites a serem respeitados e outros a serem trabalhados.

Dessa forma, existem alguns pontos valiosos que você deve começar a trabalhar agora, como:

  • Vida amorosa: entender qual a importância que dá na relação, quais valores considera indispensáveis e o valor que dá a si mesmo;
  • Autodescoberta: entender a si, suas necessidades, fraquezas e medos é contínuo e precioso, é onde a sua evolução pessoal começa;
  • Opiniões alheias: entender a opinião do outro não é um problema, mas deixar isso guiar a sua vida sim. Saber diferenciar isso é essencial para seguir os seus sonhos e fazer o que realmente gosta;
  • Desistir: aqui, destacamos o Setembro Amarelo e a importância de falar abertamente sobre o tema, tendo o suporte que você precisa;
  • Ação e reação: observar a forma como age e como reage as coisas afeta seus objetivos, conflitos, nível de estresse, convívio e mais.

Enfim, a psicologia por trás do BBB traz a importância de iniciar um processo terapêutico independente de participar ou não de um experimento como esse. Afinal, o que passa nas telas é apenas um recorte da sociedade.

Logo, você vive isso todos os dias, em outra proporção.

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Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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