Entender como a vitimização causa sofrimento é compreender a dualidade entre ser ou não uma vítima, bem como os processos desses indivíduos e como se proteger do pensamento disfuncional.
Aqui, traremos mais sobre como esses indivíduos veem o mundo, porque sofrem e como impacta nas relações. Inclusive, aqui na Fepo destacamos o sofrimento que essas pessoas causam nos demais, principalmente amigos e familiares.
Boa leitura!
O que é a vitimização na psicologia?
Primeiramente, a vitimização é um processo, que pode acontecer por uma série de questões diferente.
A palavra vítima se refere ao indivíduo que sofreu emocional, física ou mentalmente devido a um ato, crime, calamidade ou mesmo desastres. Por exemplo, se teve uma enchente na sua cidade e sua casa alagou, você foi uma vítima daquele desastre.
Quando falamos em vítimas da sociedade, por exemplo, são aqueles sofrimentos que envolvem grupos de pessoas, uma comunidade ou sistema. Como aqueles que moram na favela, e continuamente são vítimas do tráfico, terrorismo e mais.
Porém, o conceito de vitimização é diferente.
Na psicologia, a vitimização refere-se ao estado de se ver ou se sentir como uma vítima continuamente, muitas vezes devido a eventos traumáticos ou adversidades.
Assim, há uma sensação de impotência e baixa autoestima, bem como uma tendência a colocar a responsabilidade de seus próprios problemas em terceiros.
Simultaneamente, são indivíduos que apresentam comportamentos passivos e até evitativos que dificultam a resolução. Em outras palavras, tentam evitar os obstáculos naturais da vida, não buscam mudanças ou progressos significativos e mais.
Importante: a revitimização é quando um indivíduo, vítima de uma “situação”, passa por um novo sistema de violência. Vemos isso dentro do âmbito social, como nas delegacias, quando uma vítima de violência é questionada sobre “o que fez para o agressor”.
O pensamento polarizado e sentimento de fracasso
Pensamento polarizado ou dicotômico é popularmente chamado de “pensar em preto e branco”. Ou seja, são aqueles indivíduos que veem apenas os extremos das coisas, com dificuldade para observar as nuances ou tudo aquilo que fica “no meio do caminho”.
Como resultado, os pensamentos aqui são completamente certos ou errados, causando uma visão distorcida das coisas. Tudo isso provoca uma inflexibilidade, uma dificuldade em resolver problemas e observar o mundo.
Os indivíduos que se veem como vítimas de tudo e todos, tem esse pensamento polarizado, causando um bloqueio.
Por exemplo, o indivíduo pensa que não existem motivos para tentar alguma coisa por já estar fadado ao fracasso.
Assim, há um sentimento constante de fracasso e de injustiça.
Logo, são aqueles indivíduos que acreditam que o mundo todo está contra eles, que as pessoas querem o mal ou que eles não alcancem o que querem, que para eles tudo dá errado.
Simultaneamente, se sentem que são completamente injustiçados. Seja pelas pessoas, pela sociedade, pelas organizações/empresas e assim por diante.
Não são crenças que condizem com a realidade, mas é a maneira como esses indivíduos veem as coisas.
Como resultado, são aqueles que acham que sempre irão perder o emprego ou serão demitidos, que serão traídos, que não tem sorte nas coisas, de que não adianta conversar por o outro nunca entender o que ele está dizendo, etc.
Como a vitimização causa sofrimento?
Agora, vamos entender como a vitimização causa sofrimento para o indivíduo e aqueles que estão próximos, que fazem parte do convívio ou núcleo.
Com isso em mente, para o sujeito que sentem ser vítima de tudo e todos, os sofrimentos que precisam de atenção estão relacionados a:
- Baixa autoestima: Sentir-se constantemente como uma vítima pode levar a uma sensação de não ser capaz de superar desafios ou de ter controle sobre sua vida.
- Sentimentos de impotência: A vitimização muitas vezes está ligada a uma sensação de impotência, onde a pessoa sente que não tem controle sobre sua vida ou suas circunstâncias.
- Raiva e ressentimento: A pessoa tender a ficar com raiva e ressentimento em relação aos outros. Isso por acreditar que eles são responsáveis por seus problemas e dificuldades.
- Isolamento social: A vitimização leva ao isolamento social, já que a pessoa sente ser incompreendida ou desvalorizada pelos outros.
- Dificuldade em lidar com desafios: Uma pessoa que se identifica muito com o papel de vítima tem dificuldade em lidar com os desafios da vida de forma eficaz, mesmo as coisas mais simples. Isso por se sentirem sobrecarregadas ou incapazes de superar obstáculos.
- Depressão e ansiedade: A vitimização crônica contribui para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade, devido ao estresse constante e à sensação de desesperança.
- Impacto nos relacionamentos: A vitimização afeta negativamente nas relações. Isso por esperarem que os outros assumam a responsabilidade por sua felicidade e bem-estar.
Logo, a vitimização causa um sofrimento capaz de minar o amor-próprio e gerar a sensação de impotência.
Portanto, busque atendimento terapêutico e entenda melhor como isso afeta a sua vida, desenvolvimento e bem-estar.
Amigos, familiares e conhecidos
Já para terceiros, entender como a vitimização causa sofrimento é compreender que, nem sempre, o outro está consciente daquilo que faz. Ou seja, nem sempre é fácil entender por que ele faz aquilo, principalmente quando lhe é atribuída alguma culpa.
Por exemplo, se você conhece alguém que “se faz de vítima”, pode sentir raiva por aquilo. Afinal, vê as coisas de outra perspectiva, entende que há nuances, que não existe apenas os extremos.
Dessa forma, lidar com esses indivíduos é desafiador, já que há o sentimento de impotência em ajudar e frustração para tentar mostrar um cenário diferente.
Ao mesmo tempo, como são pessoas que não assumem responsabilidades, você pode ser apontado como culpado, causando uma série de conflitos e distanciamento.
Além disso, a dinâmica de vitimização afeta a saúde mental e emocional de amigos e familiares, levando ao estresse, ansiedade e até mesmo à exaustão emocional.
Por exemplo, é aquele amigo que vai culpar os outros por ter perdido o emprego, por ter engordado, por não conseguir estudar ou mesmo por sofrer por amor.
Isso tudo mesmo quando ele não fazia o mínimo no trabalho e vivia se atrasando, não tem uma rotina saudável, deixa suas obrigações para ir as festas e assim por diante.
É importante abordar a vitimização com empatia e compreensão, incentivando o outro a assumir o controle de sua própria vida e buscar formas saudáveis de lidar com seus desafios. Mas não significa ser algo simples.
Então, é indispensável que você busque suporte psicológico para aqueles que convivem com pessoas vitimistas.
Vitimização é um transtorno?
Essa é uma dúvida comum, mas a realidade é que se fazer de vítima não é categorizada como um transtorno mental específico.
Assim, é definida como um padrão de pensamento e comportamento que acontece em diversas condições psicológicas.
Por exemplo, pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline podem apresentar comportamentos de vitimização, bem como aquelas que sofrem de Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT).
Em outros casos, a vitimização pode ser um comportamento aprendido que se desenvolve como uma resposta aquilo que passou.
Embora a vitimização em si não seja um transtorno, é um aspecto importante de ser abordado durante a terapia, especialmente se estiver causando sofrimento significativo ou interferindo no funcionamento saudável da pessoa.
Como lidar com alguém que sempre se faz de vítima?
Por fim, separamos uma série de dicas de como lidar com alguém que sempre se faz de vítima, sendo uma das queixas contínuas entre amigos e familiares. Já que são pessoas que afetam a vida.
Inclusive, é importante entender que os sentimentos do outro, nem sempre estão relacionados a você. Logo, você não precisa concordar com aquilo, apenas ver como isso afeta sua relação ou interfere na sua rotina.
Neste cenário, considere:
- Estabeleça limites: ter limites é essencial para o outro não afetar sua saúde mental. Então, entenda e defina limites claros, aprenda a dizer “não” e respeite a si mesmo;
- Fale, mas não espere: encorajar o outro a se responsabilizar é essencial, fale sobre isso, mas não espere a mudança. Isso depende do outro e cada um tem “sua parte”;
- Reconheça padrões: comece a observar quais os padrões do outro, a maneira como ele se comporta e como se faz de vítima;
- Suporte construtivo: não reforce os comportamentos de vitimização, seja dando muita atenção ou concordando com uma visão distorcida. Fique atento a como você reage;
- Entenda como a vitimização causa sofrimento: avalie os sofrimentos que o outro causa, como muda sua vida e tenha calma para mudar isso;
- Cuidado com as emoções: manter a calma é indispensável para não se deixar levar pelas emoções, já que isso pode gerar mais conflitos e problemas;
- Cuide de si mesmo: cuidar do outro é importante, mas lembre-se de cuidar de si. Sua saúde emocional, mental e física é indispensável para conseguir dar o suporte que o outro precisa;
Enfim, comece esse processo de autocuidado e preserve sua saúde mental, inclusive antes de tentar cuidar do outro. Aqui na Fepo, você encontra profissionais altamente capacitados para atendimento em poucos cliques. Invista em você!