A ideia de que pessoas buscam formas de como se matar, seja em cenários ou países diferentes, parece um pouco absurda para alguns. Mas a realidade é que isso acontece todos os dias, a cada minuto de cada hora.
No relatório da Suicide Worldwide publicado em junho de 2021, o suicídio já é uma das principais causas de morte no mundo. Isso significa que os números seguem com as perdas decorrentes de acidentes e causas naturais. Porém, supera as mortes por malária, HIV e ocorridas na guerra.
Além disso, novas e preocupantes questões surgem a partir do assunto. Como o aumento das ocorrências entre os públicos mais jovens, incluindo as crianças.
Como resultado, eleva-se a preocupação sobre o que fazer diante de todas as informações, acesso facilitado nos dias atuais, sinais e prevenção. O que vamos destacar melhor abaixo, atenção!
Breve aspectos
Quando pensamos em suicídio, há diferentes maneiras de reagir ao tema. Alguns têm um grande interesse, outros fogem rapidamente do assunto, alguns têm certa curiosidade e nem sempre sabem como descobrir mais e a lista segue.
Dessa forma, é possível afirmar que, em geral, essa finitude causa algum impacto e curiosidade. Porém, muitas vezes é tratada como um tabu, como algo a ser evitado.
Neste cenário, o autor Georges Minois lançou a obra “A história do suicídio”. O foco dele é falar sobre a morte em diferentes épocas e aspectos, a partir de documentos reais, dos tabus da sociedade e de outras questões. O enfoque é na sociedade ocidental e na chamada “morte voluntária”. Outro livro que fala sobre o assunto de uma maneira diferente é o “Confissões de um crematório”. Neste, você é apresentado ao processo, dúvidas e questões sobre morte a partir da experiência de vida (real) da narradora.
Entretanto, nem sempre é fácil se ater as obras. Então, vamos a um breve resumo de alguns tópicos.
Segundo os grandes conceitos, a morte nada mais é que o fim da vida ou a interrupção da continuidade de um organismo.
Na psicologia, essa interrupção é definida como um processo natural e inevitável, mas que traz a percepção de finitude do homem. Como resultado, é um processo universal e difícil por diferentes motivos.
Assim, o suicídio é definido como a interrupção autônoma ou independente, de ordem individual e ligada a algum tipo de agente. Como agente, podemos destacar um grande sofrimento psíquico, sofrimentos particulares, transtornos ou outros.
Na história sobre o tema, vemos que a morte é compreendida de diferentes maneiras. Afinal, existe a ótica da sociedade/cultural, religiosa, familiar e até individual. Envolvendo histórias, medos e experiências anteriores.
Por que os números continuam aumentando?
Hoje, se você pesquisar formas de como se matar na internet, a primeira coisa que verá é o n[úmero de suporte do Centro de Valorização da Vida (188). E isso reflete algumas coisas importantes.
A principal delas é o aumento nas taxas de suicídio, o que elevou a preocupação da OMS e de tantas organizações, criando o canal gratuito.
O Jornal Plural publicou uma matéria interessante com o título, trazendo alguns dos resultados apresentados pelo Google.
Conforme a pesquisa, a ideia de como acabar com a vida sem sentir dor é a frase-chave mais buscada (70%). Ao mesmo tempo, você pode encontrar diversos depoimentos (inclusive na UOL) falando sobre o desejo, mas a “falta de coragem”.
Durante a pandemia do Covid-19, os números de buscas e casos dispararam. Só em 2019, na cidade de Curitiba, foram 138 casos.
Dessa forma, a pandemia trouxe diversas coisas inimagináveis para a vida. Como a perda do emprego, problemas na renda, dívidas, perda de familiares decorrente do vírus, aumento nos níveis de ansiedade, etc. Além disso, o isolamento social prejudica o bem-estar mental e físico, afastando pessoas e aumentando os casos de depressão.
Mesmo sendo uma necessidade vigente, a situação se tornou intolerável para muitos, que não viam saídas alternativas.
Outras causas
Mas não dá para dizer que apenas a pandemia causou as taxas de suicídio, já que esse é um problema mundial que existe há anos. Neste cenário, as principais causas ainda envolvem transtornos, como:
- Esquizofrenia;
- Bipolaridade;
- De personalidade;
- De humor (como a depressão), etc.
Em simultâneo, milhares de casos estão associados ao uso de drogas lícitas ou ilícitas (como álcool e drogas), bem como desilusões, problemas nas finanças, baixa autoestima, dores crônicas, solidão, bullying, entre outras.
Em outras palavras, existem uma série de causas diferentes que, no geral, causam um sofrimento psíquico. Assim, o suicida (geralmente) vê na morte a oportunidade de se livrar daquela dor.
Se você estiver passando por algo assim, ou conhecer alguém que esteja, procure suporte psicológico quanto antes. Não espere por mais uma crise ou acontecimento e foque no cuidado para resguardar a vida.
Como se matar – Onde começa a prevenção?
A ideia de que alguém está buscando formas de como se matar não é agradável.
Mas é preciso aceitar que isso acontece para entender o que pode ser feito. Inclusive, é nesse ponto que começa a prevenção: em não ignorar o assunto e trazê-lo à tona, evitando que fique “escondido”.
Da mesma maneira, é importante falarmos sobre os sintomas e condições gerais daqueles que buscam essa aparente solução. Aqui na Fepo, separamos uma série de conteúdos extras que você pode conferir na página do Setembro Amarelo.
Em síntese, os sintomas são variáveis e nem sempre percebidos rapidamente.
Isso porque, alguns apresentam isso de forma mais clara, se isolando dos demais, mudando de humor, com problemas no sono (seja insônia ou hipersônia), problemas nas interações sociais ou outras mudanças bruscas.
Nos casos de automutilação, também é comum a mudança no vestuário. Optando por roupas mais longas e largas, algo também impulsionado quando há distúrbios alimentares e/ou de imagem.
As crianças e jovens, em idade escolar, também apresentam uma redução ou alteração no rendimento, brigas, discussões com figuras de autoridade ou isolamento (afastando amigos), deixando de participar das atividades, etc.
Porém, é válido destacar que nem sempre esses comportamentos são percebidos facilmente. Seja porque o indivíduo os esconde, porque parecem “leves” ou até naturais da idade. Em muitos casos, são associados com estresse, preocupações da vida ou outros motivos.
A busca de como se matar é feita por todos os gêneros e idades, sem qualquer tipo de distinção.
Importante
Há uma crença popular de que aquele que diz que vai se matar, não fará isso de verdade. Como a ideia de que “cão que ladra, não morde”. Porém, a realidade é bem diferente e, geralmente, isso é um pedido de ajuda.
Portanto, se conhecer ou for alguém que está pensando nisso e que já falou para outros, fique atento.
Em alguns casos, esse é o impulso final do suicida, que está buscando algum suporte, a percepção de que não deve ou que fará falta na vida das pessoas.
4 linhas de abordagem da OMS
Considerando o número de casos, a OMS lançou o Live Life, um esquema de orientação e prevenção baseado em 4 estratégias:
Pesticidas mais perigosos devem ser limitados
A limitação desses pesticidas se dá pelo uso desses “materiais” no suicídio. Isso por o envenenamento ser um meio bastante comum, causando em torno de 20% das mortes.
Justamente por isso, o Brasil já limitou a venda de diversos produtos comercializados no ambiente nacional. O mesmo vale para a venda de alguns medicamentos.
Há ainda algumas tentativas de medidas referente a venda de armas de fogo e embalagens de remédios (reduzindo o número de comprimidos em cada frasco).
Fontes de informação responsável
Outra estratégia adotada é a cobertura da mídia sobre o assunto e temas relacionados a ele. Uma forma de evitar os casos em massa ou mesmo reportagens que possam ser usadas como impulso.
Na prática, a mídia deve adotar uma postura mais responsável evitando descrição de métodos suicidas, fazer um monitoramento crítico quando o assunto for ser apresentado ao público e apresentar depoimentos sobre aqueles que sobreviveram à tentativa. Neste último, uma forma de mostrar que há saída.
Suporte aos jovens
A faixa etária dos 10 aos 19 anos é uma das mais críticas em relação aos aprendizados sobre emoções, vivências e habilidades.
Também é na faixa dos 14 anos que a maioria dos transtornos e problemas de saúde mental surgem. Desde a ansiedade e depressão, até os distúrbios de imagem, transtornos alimentares, agressividade e traumas.
Portanto, a estratégia consiste em oferecer suporte a esse público. A medida vem sendo aplicada através de programas anti-bullying, serviços de apoio online, protocolos em escolas e universidades, etc.
Cabe destacar que, muitas vezes, isso não acontece de forma efetiva. Daí a importância da quarta estratégia.
Identificação precoce
A identificação precoce de qualquer questão é a melhor maneira de sanar o problema quanto antes, encontrando soluções reais e positivas.
Para isso, cabe a todos observarem os sinais com atenção e não ignorarem tudo o que está acontecendo. Se perceber qualquer coisa, informe aos responsáveis/autoridades ou até converse com o indivíduo (se tiver essa proximidade).
Os serviços de emergência devem ser indicados, mas também é preciso buscar um acompanhamento. Isso permite a avaliação de risco e o início do tratamento adequado.
O que são os pensamentos suicidas e o que fazer com eles?
Os pensamentos suicidas podem surgir em diferentes momentos da vida. Geralmente, somem e até nos questionamos sobre eles.
Como pensar que seria melhor morrer e, logo em seguida, dizer que não é isso o que realmente quer. Em alguns casos, o pensamento é extinto e/ou “some”.
Porém, quando se torna constante ou você o entende como uma solução, é preciso ter cuidado e atenção.
Fique atento a como esses pensamentos surgem, as emoções atreladas a ele, sentimentos ao longo do dia, formatos no qual tenta resolver suas questões pessoais, etc. Quando a percepção é que de não existe outra saída, de tristeza contínua, desespero, insegurança ou outras, o pensamento pode funcionar como um trampolim que impulsiona o suicídio.
Como se matar – Os principais mitos do suicídio
Por fim, separamos alguns dos principais mitos que circundam o tema e que devem ser eliminados. Afinal, muitas dessas perspectivas prejudicam o indivíduo que já está afetado emocionalmente.
É inevitável
O suicídio é, de forma geral, completamente evitável. Principalmente quando não há transtornos diagnosticados, o tratamento tende a ser mais rápido, devolvendo a vida e o bem-estar ao sujeito.
Quando há transtornos associados, o tratamento pode demorar mais. Entretanto, o cuidado reduz o sofrimento, permitindo que você veja outras soluções para sua vida. De qualquer maneira, o cuidado pode evitar qualquer tentativa.
Os suicidas não contam seus planos ou sempre dão indícios
Esse mito surge porque muitos dizem que querem se matar como uma “brincadeira” ou mesmo porque outros acreditam ser mentira, uma forma de chamar a atenção ou mesmo afirmando que aquele não tem coragem.
Seja como for, é um mito. A maioria dos suicidas fala sobre isso, nem sempre de maneira clara, e muitas vezes como forma de procurar ajuda. Fique atento aos sinais e pedidos.
Outro mito é a ideia de que o suicida sempre avisa. Ou seja, é aquele que mostra todos os sinais de forma clara.
Porém, muitos deles não dão nenhum sinal de forma aberta e até conseguem esconder pensamentos suicidas. Não é incomum ouvir que “ele era feliz, estava sempre sorrindo” poucos dias antes da fatalidade.
Perguntar ou falar pode incentivar
Muitas famílias não falam sobre o assunto com a ideia de que estão evitando “ideias” ou por acharem que não conseguem lidar com o tema.
Esse é um grande problema porque pode elevar o isolamento social do indivíduo, bem como a sensação de inadequação.
Dessa forma, converse de forma franca e clara com o sujeito, faça um bom acolhimento (deixando-o falar sem julgamentos), diga que está ali caso ele precise e o incentive a procurar auxílio profissional.
Enfim, existem muitos outros mitos e o suicídio afeta, no mínimo, 4 pessoas. Desde mais próximos até amigos, conhecidos e colegas de trabalho. Cada um é afetado de uma maneira pela perda ou por não ter notado e ajudado aquele indivíduo.
Mesmo após uma tentativa falha, e principalmente após isso, o cuidado deve ser redobrado. Já que as chances de novas tentativas se elevam e, geralmente, adotam posturas mais agressivas para chegar àquele resultado.
Assim, fique atento aos seus pensamentos e daqueles próximos à você, seja um suporte ou procure um. Valorizar a vida significa entender que existem mais soluções, mas que nem sempre são vistas claramente. Mas buscar ajuda só o tornará mais forte. Cuide-se!
O apoio das pessoas na saúde mental
Caso se sinta em uma situação de emergência, entre em contato com o cvv, cvv.org.br, eles atendem através de email e chat. Ou se conhecer alguma pessoa ou tenha alguém da família com comportamento de risco ou intenção de cometar algum ato contra a vida, indique a ela.