O Complexo de Superioridade se refere a um conjunto de comportamentos que afeta os relacionamentos sociais e a forma com a qual o sujeito se comporta. Ou seja, não é definido como uma condição médica ou doença, ainda que o diagnóstico adequado seja essencial.
Inclusive, é comum que o próprio sujeito não vá atrás de ajuda, já que se considera superior aos demais sob diversos aspectos. Assim, aqueles que convivem com este indivíduo acaba afetado e, decorrente das situações desconfortáveis, acabam buscando auxílio psicológico.
Com essa perspectiva, separamos nesse post as respostas que você deve estar buscando sobre o assunto. Desse modo, reunimos o que é e como diferenciar esse complexo do narcisismo, como lidar com pessoas que agem dessa maneira e outros pontos.
Boa leitura!
O que é o complexo de superioridade?
Primeiramente, vamos entender o conceito por trás de tudo isso.
Assim, o complexo de superioridade é definido como um conjunto de comportamentos onde um sujeito considera que suas ações, conquistas ou habilidade são melhores que das outras pessoas.
Isso mesmo quando não o são, quando falham (geralmente culpam os demais) e até quando não possuem nenhum tipo de habilidade.
Dessa maneira, influencia diretamente nas suas relações, frequentemente afastando terceiros ou menosprezando aquilo que fazem.
Daí a importância de buscar suporte psicológico, para evitar que a forma como o outro lhe trata acabe influenciando na maneira como realmente se vê.
Cabe destacar que esse complexo não está diretamente ligado a feitos ou conquistas reais do indivíduo. Isso por considerarem que os demais não sempre menores que ele, mesmo quando o outro conquista algo valioso ou importante.
Por exemplo, é aquele sujeito que vai dizer que tem um emprego melhor, recebe mais, conseguiu mais coisas ao longo da vida, que as conquistas dele são mais importantes para o mundo, etc. nos mais variados aspectos, a superioridade dele é “maior”: seja financeiramente, nos patrimônios, modo de agir ou mesmo nas opiniões e pensamentos.
Ao longo da sua vida, você irá conhecer diferentes tipos de pessoas, dentre elas, aqueles com complexo de superioridade.
Da mesma maneira, esses indivíduos maquiam aquilo que sentem ou fazem. Na maioria das vezes, com desprezo, arrogância ou comportamentos inadequados.
Mas atenção, as pessoas com este complexo não destacam suas habilidades apenas em um aspecto, como quando dominam um assunto. O fazem em diversos cenários/aspectos, mesmo quando não o são verdadeiramente.
Isso significa que não se trata daquele indivíduo que tenta lhe ensinar algo por ele dominar o assunto e você não, mas aquele que sempre tem/é o melhor, mesmo quando mal sabe o que está dizendo/fazendo.
O que causa o complexo de superioridade?
Segundo Alfred Adler, o complexo de superioridade faz com que o sujeito só consiga ver aquilo que querem ver e nunca o que é verdadeiro.
Ainda conforme destaca o psicólogo, que criou esse conceito ao desenvolver a psicologia do desenvolvimento individual, a principal causa está na baixa autoestima e insegurança.
Em outras palavras, essas pessoas se sentem inferiores perante os demais e, para esconder isso, atuam de forma inversa. Dessa forma, agem como se todos os outros fossem seus subordinados.
Na prática, o complexo de superioridade é causado por um jogo de projeção: para que ele não seja visto como inferior ou marginalizado, o indivíduo faz o outro se sentir ou ser visto dessa maneira. Por isso, é comum que atribua suas características “falhas” aos outros, como um espelho.
Porém, é importante que você lembre que não é uma doença, ou seja, esse complexo não possui uma classificação como tal. Entretanto, possui um comportamento caracterizado e uma série de “sintomas/sinais”.
Em resumo, a causa mais comum do complexo de superioridade é uma percepção distorcida das coisas/pessoas. Simultaneamente, há um orgulho excessivo e sentimentos de arrogância.
Sinais práticos do complexo de superioridade
Mesmo não sendo uma patologia, existem alguns sinais que facilitam a identificação de pessoas que possuem esse complexo. Dentre eles, temos:
- Alta avaliação de si mesmo;
- Alegações orgulhosas irreais;
- Senso de identidade “inflado”, sendo mais importantes do que realmente são;
- Excesso de atenção para sua própria aparência (vaidade);
- Autoimagem excessiva, como uma autoridade;
- Sempre falam sobre ser mais eficiente, inteligente, bonito, capaz ou competente;
- Distorce valores e princípios a favor de si;
- Esses sinais englobam a vida pessoa e profissional;
- Compensação excessiva de elementos da própria vida;
- Alterações de humor, pessoas próximas podem pensar em uma bipolaridade, etc.
Por acreditarem ser superiores aos demais, podem reagir com irritabilidade quando confrontado. Como quando dizem dominar um assunto e conversam com um especialista. Nesses casos, é comum reagirem de forma crítica e desagradável.
Qual a diferença entre narcisismo e complexo de superioridade?
Ainda que possuam alguns aspectos semelhantes, o complexo de superioridade e o narcisismo são duas questões distintas.
Inclusive, o narcisismo é caracterizado como uma condição psiquiátrica, já que se refere a um transtorno que causa um padrão generalizado de grandiosidade. Atualmente, muito tem-se falado sobre essa condição, já que tem aparecido em produções televisivas, como filmes e novelas.
Entre os exemplos que podemos citar aqui está o filme Pearl (2022), Cisne Negro (2011) e Garota Exemplar (2014).
Conforme o Dicionário inFormal, o transtorno narcisista seria uma “moeda” do complexo de superioridade mais grave. Em outras palavras, essa superioridade é uma característica do narcisista, mas não se limita a isso.
Enquanto o complexo de superioridade é marcado por um conjunto de comportamentos/atitudes de superioridade como um mecanismo de defesa, frequentemente escondendo a baixa autoestima, o narcisista é um distúrbio. Neste, o sujeito acredita na sua importância e valor em relação aos demais.
Enfim, em qualquer um dos casos, é indispensável que aquele que convive com esses indivíduos busquem suporte psicológico. Não apenas para reconhecer a forma como esses impactam na vida, mas em como influenciam e afetam os sentimentos e comportamentos.
Não é incomum que você não note toda a amplitude em que é afetado até começar a prestar a devida atenção.
Como lidar com uma pessoa que tem complexo de superioridade?
Por fim, lidar com uma pessoa que tem o complexo de superioridade não é nada fácil.
Isso porque, você terá de lidar com alguém que se vangloria dos seus feitos e vitórias (sejam excessivamente pequenos ou inexistentes). Além disso, possuem uma visão distorcida das coisas, minimizam os demais, são excessivamente perfeccionistas em relação aos demais e possuem uma necessidade de serem reconhecidos.
Ao mesmo tempo, não sabem receber críticas e não reconhecem os próprios erros.
Portanto, o tratamento é uma questão completamente individual, no qual o sujeito deve querer iniciar essa jornada de autoconhecimento e mudança. Muitas vezes, isso não acontece de maneira fácil ou rápida.
Então, você deve aprender a lidar com uma pessoa que tem esse complexo para que os comportamentos dela não o afetem, afetem minimamente ou para evitar esses indivíduos no dia-a-dia. Para isso, separamos uma série de cuidados, sinais a serem notados e formas de lidar com eles. Vamos lá:
1# Você precisa identificar os sinais
A princípio, uma das melhores maneiras de lidar com esses indivíduos é reconhecendo os sinais. Principalmente para evitar que os seus sentimentos ou conquistas sejam menosprezados pelo outro.
Portanto, avalie se essas pessoas estão sempre se vangloriando dos seus feitos, se os comportamentos fazem algum sentido, se realmente sabem aquilo que dizem ou não. Além disso, veja se aceitam críticas e falam de coisas que não sabem.
Por exemplo, aquele sujeito tenta “bater boca” com um especialista no assunto? Como dizer que sabe mais que um médico, arquiteto ou marqueteiro, etc.
Avalie esses sinais e veja se eles fazem algum sentido ou não. Na maioria das vezes, são comportamentos completamente equivocados e, gradualmente, você pode notar isso.
2# Entenda a limitação do outro, mas sem se colocar como responsável disso
O complexo de superioridade não é uma doença, mas isso não significa que não existem pontos aos quais precisam de maior atenção.
Assim, para lidar com esses indivíduos, é necessário que entenda que existem limitações que, talvez, você não consiga resolver de nenhuma maneira.
Dessa forma, a dificuldade dele em observar a realidade, aceitar críticas ou mesmo de falar da sua conquista (colocando a dele como mais importante), é uma limitação. Isso quer dizer que você, muito provavelmente, não conseguirá fazer nada com isso.
Na prática, o ponto onde essa limitação culmina é onde o seu cuidado deve se iniciar. Mesmo que sem discussões ou brigas, apenas preserve a si mesmo.
Uma dica de como fazer isso é sempre falando de forma clara, tranquila e confiante, sem espaços para quaisquer discussões. Não permite que sua paciência se esgote, não discuta ou fique remoendo coisas. Se você der atenção, o indivíduo irá se aproveitar disso.
O objetivo é que você não se coloque em uma posição de competição e entenda que você não é responsável pela maneira como ele se comporta, mas pode evitar que ele faça isso com você (e com seus sentimentos).
3# Lidar com complexo de superioridade significa estabelecer limites claros
Os limites são essenciais em todos os aspectos da vida, sendo válidos para lidar com diversos tipos de pessoas, incluindo aqueles que se sentem superiores.
Assim, você precisa definir para si mesmo o que é inaceitável e quais são os seus limites. Dessa maneira, consegue expor isso para esses indivíduos, falando de forma tranquila e clara.
Em suma, diga que “não irá discutir tal assunto” ou mesmo que “essa questão não é negociável”, que “sabe o que está dizendo”, bem como “não irá lidar com aquele tipo de ação”.
Geralmente, isso inclui tomar uma certa distância, se afastar como puder ou limitar o contato (comum quando este sujeito está no ambiente de trabalho). Entenda que a sua saúde mental é mais importante que alguns contatos.
4# Tente encontrar assuntos “meio-termo”, curtos e aprenda a finalizar uma conversa pacificamente
O assunto meio-termo é aquele em que o indivíduo com complexo de superioridade consegue conversar de forma mais amena. Nem sempre é fácil encontrar esse tipo de “brecha”, mas há algumas formas de fazer isso.
Isso vale, principalmente, quando você tem algum tipo de afeto por aquele sujeito ou quando não consegue se afastar do mesmo, como nos casos de familiares e colegas de trabalho.
Nesses casos, o ideal é buscar temas que não causem uma grande irritação ou mesmo que não são amplamente categorizados, mas que permitem que algo seja falado. Como algo que ele realmente gosta, um livro ou filme, jardinagem, meditação e mais.
Além disso, opte por temáticas curtas, se for necessário conversar. É mais fácil lidar com assuntos que possuem um “começo, meio e fim”. Aqueles que envolvem discussões sobre fatos históricos, opiniões e mais, não são a melhor alternativa.
Então, questões de “sim” ou “não” são a melhor alternativa, facilitam o manuseio do tema, direcionando a conversa. Além disso, você deve aprender a finalizar a conversa pacificamente.
Em resumo, não é necessário discutir. Para lidar com esses indivíduos, uma forma prática de findar uma conversa é “sorrir e acenar”. Na prática, você não precisa concordar com o que ele está dizendo, apenas não discutir, para que a conversar toda finalize.
A maioria dos indivíduos com complexo de superioridade buscam pessoas que os escutem, rebatam o que ele diz ou digam qualquer coisa. Com esse estímulo, continuam a falar de si mesmos. Sendo assim, evite dar ainda mais energia para ele.
5# Gaslighting: entenda como isso se encaixa no complexo de superioridade
O gaslighting é uma violência psicológica, ou seja, é crime. Entretanto, muitos indivíduos demoram para notar que isso está sendo feito, justamente por ser “maquiado”.
Em síntese, esse abuso ocorre quando um indivíduo é manipulado emocionalmente de tal maneira que não acreditam em si mesmas, se sentem confusas ou “malucas”, acabam se desculpando por aquilo que o outro faz e mais. Assim, você é colocado em uma posição de inferioridade, insensata, maluca e instável.
Cabe dizer que por ocorrer esse tipo de violência, nem sempre você consegue identificar facilmente os sinais de uma pessoa com complexo de superioridade.
Aqui, podemos destacar que esses agressores possuem um “complexo de deus”, com um ego inflado e se considerando sempre grandiosos e melhores. Para isso, precisam reduzir o outro e costumar manipular ou negar a realidade.
Entender esse conceito e começar a “quebrar” essa violência, é a melhor forma para lidar com esses indivíduos. Afinal, passa a evitar que ocorra com você.
Uma matéria da Forbes Brasil, baseada em um novo estudo, apresenta alguns pontos de atenção. Como a falta de engajamento para tentar resolver conflitos, baixo nível de esforço, foco egoísta e outros.
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