A Neuropsicologia é uma área de estudo que alia comportamento humano e funcionamento cerebral, mais especificamente a cognição, emoções e personalidade do indivíduo.
É interessante destacar que o termo foi cunhado apenas no século XX, mas desde a antiguidade os seres humanos se preocupam com o assunto, na busca por uma resposta mais comprobatória sobre a relação entre mente e cérebro.
Neste aspecto, separamos aqui tudo o que você precisa saber sobre essa especialidade, quais são seus benefícios, história e até os avanços e o que eles podem significar para o mundo.
Resumo Histórico
A título de curiosidade, desde os períodos mais remotos da história, que temos algum acesso, o homem sempre buscou respostas sobre o funcionamento de si, do cérebro e da mente.
Com isso, vale destacar os estudos e observações realizadas no Egito Antigo, já que alguns papiros falam sobre o sistema nervoso, funções cerebrais e até discussões de casos, tratamentos e resultados.
Inclusive, é em um desses papiros, de 3000 a.C, que algumas áreas são citadas pela primeira vez, como a medula espinhal, encéfalo e meninges.
Em contraponto, os primeiros documentos gregos ligavam toda a inteligência e até as emoções a outros órgãos, como o coração. Platão criou a teoria de alma tripartida, que deu origem a outros estudos importantes.
Assim, especialistas afirmam que apenas começou muito mais tarde, no século XX.
Afinal, foi neste momento que grandes estudiosos tiveram acesso a novas ferramentas de trabalho, ideais e métodos, principalmente a partir de pacientes com lesões cerebrais.
Já em relação ao termo, existem algumas dúvidas.
Entretanto, alguns afirmam que foi usado pela primeira vez em 1913, por Sir William Osler em uma conferência, outros dizem que foi Hebb em 1949, no seu livro.
O que podemos afirmar é que o desenvolvimento da neuropsicologia começou na década de 40 através de Hebb, divulgado cientificamente mais de 20 anos depois e que, hoje, é uma especialidade importante.
Caso queira saber mais sobre estes aspectos, vale a pena conferir o conteúdo da Scielo.
Afinal, o que é Neuropsicologia?
Mesmo falando da questão histórica, é agora que chegamos ao conceito mais prático.
Então, neuropsicologia é a área de estudo relacional entre comportamento e cérebro, considerando todas as funções do ser humano, como os pensamentos e as emoções, com outros processos.
Através desse estudo, conseguimos entender melhor como um indivíduo funciona e os impactos de transtornos, lesões ou mesmo de estímulos e tratamentos de reabilitação.
Dessa forma, cabe destacar que o ser humano detém diversas funções mentais distintas, como:
- Linguagem;
- Memória;
- Atenção;
- Raciocínio;
- Percepção do visuespaço;
- Questões ligadas a personalidade;
- Emoções e sentimentos, etc.
Além disso, sabemos que, ao analisar e estimular diferentes partes de um cérebro, algumas dessas funções podem vir à tona ou não.
Você provavelmente já viu algum seriado onde era realizado um exame de imagem para verificar o cérebro, e algumas partes do cérebro estavam escurecidas e outras totalmente claras.
Porém, ainda há muitas perguntas sobre como exatamente esses sistemas funcionam, os impactos e assim por diante.
Imagine, por exemplo, um paciente que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), uma condição que, na maioria das vezes, gera algum tipo de lesão permanente.
Logo, o indivíduo pode ter alguma dificuldade para falar, mover-se ou mover uma parte do corpo, comprometer a visão e assim por diante.
Medicamente, sabemos exatamente o que foi que aconteceu, mas entender essa relação de comportamento com o cérebro pode ser a chave para um tratamento futuro mais eficaz, bem como para uma série de condições médicas.
Papel profissional
O papel do neuropsicólogo é dividido em três vertentes:
Diagnóstica
Voltada para avaliação das habilidades motoras, executivas e cognitivas para entender o quadro do paciente a partir dos rebaixamentos e/ou perdas.
Tratamento e Reabilitação
Após o diagnóstico, o neuropsicólogo aponta e incentiva o tratamento a partir de todos os recursos disponíveis, para que a reabilitação seja capaz de compensar a lesão.
Na maioria das vezes, o tratamento possui uma abordagem de melhora no desempenho e a reabilitação para adaptação a partir do que não poderá ser alterado.
Pesquisa
A neuropsicologia tem um campo amplo de pesquisa e, por isso, muitos profissionais se dedicam a desenvolver novos estudos, essencial para trazer novas respostas.
Os estudos se dedicam, principalmente, as cognições, emoções, personalidade, comportamento e mais, tudo a partir do funcionamento do cérebro.
Nos últimos anos, a área ganhou força pelas novas descobertas acerca da personalidade do individuo e como isso se relaciona a tratamentos, transtornos e outros aspectos de funcionamento.
Avanços que nunca param
Desde os anos 70, a medicina e a psicologia sofreram enormes impactos, principalmente decorrente da tecnologia.
Nesta fase, elevou-se a preocupação referente as partes do cérebro e como cada uma delas era responsável por algum comportamento ou cognição. Com as novas avaliações, foi possível ver o ser humano por um novo ângulo.
Em outras palavras, a neuropsicologia permitiu uma compreensão sobre o que era internalizado nas diferentes fases da vida, a partir de estímulos.
Ao mesmo tempo, surgiu a relação entre funcionamento cognitivo, comportamento e traços de personalidade.
Tudo isso voltado para tratamentos de lesões, bem como de transtornos psiquiátricos que, desde sempre, assolam a humanidade.
Para que serve esses estudos?
A neuropsicologia tem como principal função investigar, avaliar, diagnosticar e oferecer um tratamento.
Tudo isso voltado para as funções mentais, de maneira completa, incluindo:
- Memória e linguagem;
- Estado emocionais;
- Atenção e raciocínio;
- Funções de execução;
- Traços de personalidade;
- Visuespacial, e outras.
As avaliações podem ser indicadas para todas as pessoas, de todas as idades, mas cada paciente passa por uma avaliação prévia, considerando desenvolvimento e condições apresentadas.
Ou seja, o profissional analisa o perfil e os sintomas. Seja em crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem ou adultos com algum prejuízo cognitivo.
A neuropsicologia é destinada a todos os tipos de pessoas independentemente da idade, atendendo crianças a idosos e usando testes padrões, considerando a fase de cada indivíduo.
Benefícios
O principal benefício da neuropsicologia é a chance de trazer diagnósticos mais completos, sendo possível entender e descrever diferentes aspectos, como funções/comportamentos, afetados ou a extensão dos prejuízos.
Além disso, a área permite:
- Emissão de laudos neuropsicológicos;
- Reabilitação neuropsicológica de crianças, adolescentes e adultos;
- Auxílio no diagnostico diferencial em casos de demências e/ou transtornos;
- Desenvolvimento e criação de novos campos e ferramentas de suportes diagnostico e de tratamento.
Logo, a neuropsicologia é capaz de responder perguntas que, até então, estavam sem respostas, oferecendo um quadro a ser avaliado.
Sabendo desses processos e como eles ocorrem, é possível chegar a um diagnóstico mais rapidamente, evitando danos e trazendo uma intervenção mais moderna e funcional.
Na prática, dizemos que os benefícios são:
Compreensão de quadros
A neuropsicologia tem como principal objetivo relacionar e entender como a mente funciona, considerando as funções mentais e comportamentos.
Com isso, um dos benefícios desse estudo é a compreensão de como as condições neurológicas afetam o ser humano.
Para isso, são realizados diversos testes, estimulações e procedimentos de reabilitação. Seja para melhorar aspectos cognitivos perdidos/afetados ou para entender melhor como tudo funciona.
Tratamentos mais efetivos e funcionais
Não é segredo que o mundo médico possui uma série de tratamentos importantes, e que funcionam.
Entretanto, ainda existem dúvidas quanto ao que fazer diante de um quadro de lesão, por exemplo, ou mesmo o que esperar do futuro daquele paciente.
Quando um indivíduo tem um AVC, por exemplo, existem estimativas de recuperação e ideais de tratamento que farão toda a diferença, como atendimentos com fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas e assim por diante.
Por outro lado, a reabilitação cognitiva significa trazer a reorganização cerebral à tona, perdida devido a lesão, para que as sinapses cumpram o seu real papel.
Como o cérebro é um emaranhado de circuitos complexos, imagine que uma lesão funciona como uma tesoura que corta/desconecta alguns dos fios que enviam ondas ali.
Logo, a neuropsicologia traz uma nova forma de conexão, para evitar a perda e acelerar a recuperação do paciente, um progresso de cada vez.
A intenção do profissional aqui é saber exatamente quais são as necessidades do indivíduo, para que o tratamento seja direcionado e, assim, mais eficaz.
Análise das 5 funções Cognitivas da Neuropsicologia
A função cognitiva é uma das mais estudadas na neuropsicologia, já que engloba diversas questões distintas e importantes para o ser humano.
Por isso, os benefícios estão na avaliação assertiva de cada um dos grupos estudados, sendo eles:
- Memória: considerando capacidade de armazenamento de informações, mas também a função de recordar e usar esses dados;
- Atenção: referente a capacidade de focar e manter o foco em algo específico, de forma específica (isolada) ou com atenção dividida;
- Percepção: quando o indivíduo consegue reconhecer e dar um significado ao estímulo que recebeu através de alguns dos sentidos;
- Linguagem: ato de usar as palavras, combinando-as, para se comunicar e ser compreendidos, tanto oralmente quanto de forma escrita;
- Funções executivas: relacionada ao uso da lógica, raciocínio, resolução de conflitos e definição de estratégias para tomar uma decisão.
Evita diagnósticos incorretos
É difícil imaginar que, ainda hoje, é possível ter um diagnóstico incorreto. Afinal, a medicina expandiu-se de forma rápida nos últimos anos.
Porém, a realidade é que muitos quadros possuem sintomas parecidos, causando dúvidas em alguns profissionais e elevando o tempo entre descoberta e tratamento correto.
Além disso, quando um diagnóstico é feito de forma incorreta, o tratamento não será realmente eficaz (como deveria), já que o indivíduo é observado por uma outra vertente.
Por exemplo, uma informação que poucos sabem é que o quadro de demência não é único, mas que define uma série de classificações, a partir dos sintomas que são apresentados.
Assim, o conceito de demência é: perda de origem orgânica, com declínio da capacidade cognitiva, de julgamento, pensamento e/ou outras.
Dessa forma, o Alzheimer, Parkinson, Demência Vascular, Demência com Corpos de Lewy e tantas outras, são demências, mas cada qual possui características específicas e tratamentos de maior impacto.
A função da neuropsicologia é entender esses quadros, definir exatamente qual é o caso e então direcionar para um cuidado eficaz.
Vale destacar ainda que esse estudo permite que muitas respostas venham à tona para que, cada vez mais, pacientes sejam capazes de ter uma vida mais plena e uma vida com mais qualidade.
Abordagens Clínicas da Neuropsicologia
Por fim, separamos aqui no Blog Fepo algumas informações sobre as abordagens clínicas dessa prática, ou seja, quando é indicada e quais são as principais formas de atuação.
Danos Cerebrais
Os danos cerebrais são quaisquer tipos de prejuízo ou perda que ocorrem no cérebro. Seja por:
- Tumores;
- Traumatismos;
- Uso prolongado de substâncias químicas;
- Demência;
- Esquizofrenia e outros transtornos mentais;
- Epilepsias, etc.
Geralmente, a análise do quadro é realizada após a ocorrência do dano, para obter uma avaliação específica do quadro.
A partir dessa avaliação, o profissional irá observar e identificar quais foram as funções cognitivas lesionadas, assim como as questões de execução e motoras prejudicadas com a lesão.
Só então são definidas as melhores formas de tratamento e intervenção médica.
Quadros infantis
A neuropsicologia é aliada do público infantil por permitir uma avaliação precoce, compreendendo melhor quais são as causas para os problemas apresentados.
Geralmente, as crianças chegam até os consultórios com queixas de baixo aprendizado, distúrbios comportamentais ou mudanças especificas na emoção decorrente de situações pontuais.
Ou seja, não se trata de um dano decorrente de uma lesão, ainda que também possa ser o caso, mas de outras situações que, frequentemente, não são observadas em exames simples.
Neuropsicologia na Terceira Idade
O público idoso é um dos que mais apresentam prejuízo motores e cognitivos.
Muitas vezes, essas alterações são naturais, devido ao envelhecimento do sujeito, onde o cérebro perde a elasticidade. Mas também pode ser resultado de doenças e condições.
Por exemplo, o idoso pode apresentar um leve déficit de atenção ou dificuldades para manter o foco por longos períodos, o que complica novos aprendizados. Mas, também pode apresentar indícios de demências, como o Parkinson.
Sendo assim, a avaliação neuropsicológica vai oferecer um diagnóstico considerando a idade e demais características do sujeito, quadro e resultados clínicos.
Enfim, se quiser saber mais sobre saúde mental, não perder nenhuma novidade e ter acesso aos melhores profissionais sem sair de casa, conheça a Fepo e agende sua sessão.
