Nesse post, a equipe Fepo separou o que é amor platônico, um assunto valioso, capaz de ser abordado em diferentes formatos e que, frequentemente, vai muito além da ideia de casal romântico.
Além disso, mesmo sendo usada para falar de relações amorosas, o conceito está ligado a algo mais amplo, que supera a questão sexual ou sensual, de grande intensidade.
Então, convidamos você a conhecer todo o conceito, entender as características, cuidados e como isso pode impactar na sua vida. Boa leitura!
O que é amor platônico?
Primeiramente, o conceito de amor platônico surgiu no século XV, originário de Marsilio Ficino – ou seja, ainda que ele seja um filosofo neoplatônico, não foi seu mentor que “criou” essa ideia.
Assim, Marcilio trouxe essa ideia como um sinônimo do amor socrático, em que o sentimento tinha como mais valioso o caráter e a inteligência, entre outros atributos físicos.
Entretanto, todo o conceito ganhou mais força em 1636 na obra e Sir William Davenant. Aqui foi onde esse amor fala sobre as raízes do sentimento: as virtudes e a verdade.
Justamente por ser algo unilateral, de apenas uma das partes “envolvidas”, esse amor é amplamente associado a contemplação do divino.
Diante disso tudo, o que é amor platônico?
Na prática, amor platônico é uma conexão afetiva além do sexual, que transcende a sensualidade, um sentimento de amor impossível e até em segredo, onde o outro não corresponde e talvez nem saiba daquele sentimento.
Com isso, vemos diversos casos desses “amores que transcendem” envolvendo famosos/celebridades. Afinal, aquele admirador “conhece” o outro, vê sua vida em diversos canais, acompanha as novidades, mas o famoso pode nem saber da existência daquele indivíduo.
Vale dizer que o amor platônico é qualquer tipo de relação afetuosa em que há uma idealização do outro. Ou seja, pode ter uma característica de amor romântico, mas também engloba admiração, amizades e mais.
Na psicologia
O amor platônico na psicologia também é compreendido como uma manifestação da energia psíquica. Com isso, impulsiona o indivíduo a procurar uma satisfação.
Dessa forma, aquele objeto idealizado – aquele indivíduo – projeta todo esse sentimento, tornando-o um modelo e assim temos aquela imagem de perfeição.
Imagine quantos admiradores não veem as falhas dos seus objetos de amor. Como aquele fã de futebol que vê seu jogador ideal fazer tudo perfeitamente e, quando erra, foi culpa do outro.
Vale destacar que o amor platônico é bastante complexo, envolvendo um misto de emoções, de felicidade a satisfação, até angústia e frustração – principalmente quando uma expectativa não é atendida.
Se você tem um amor platônico, pode passar por uma dicotomia emocional. Ou seja, tem todo aquele sentimento belo e caloroso, mas cria uma ideia que, frequentemente, não é atendida.
Por que tenho um amor platônico?
Uma dúvida comum entre aqueles que idealizam o outro se refere a causa, o porquê surge um amor platônico na vida.
De acordo com Freud, esses amores são uma resposta do corpo humano para as pulsões. Logo, aquele objeto/pessoa representa alguma coisa que falta em si.
Logo, se você não consegue satisfazer uma carência ou algo que deseja, idealiza isso no outro, principalmente se há características que admira. Isso provoca uma busca contínua para tampar buracos emocionais e alcançar alguma satisfação.
Por exemplo, muitos idealizam aquele indivíduo que estuda o tempo inteiro, que já leu mil livros e fala superbem, que “saiu do zero”, que conseguiu ajudar a família e amigos, que teve sucesso financeiro, que se casou com alguém incrível, etc.
É importante dizer que os amores platônicos acontecem com qualquer um. O ator Selton Mello, por exemplo, tem como objeto dessa admiração, a colega Marjorie Estiano. Já a modelo Kendall Jenner assumiu seu “amor” por Angelina Jolie. E a lista segue.
Isso não quer dizer que há um interesse em constituir uma relação amorosa, não há um desejo sexual ou alguma sensualidade, mas uma admiração.
Conheça as características do amor platônico
Entender o que é amor platônico é compreender que a marca dessa “relação” é uma idealização profunda. Além disso, você vê aquele sujeito como perfeito: ele só tem qualidades, é completamente admirável. Isso faz com que esse sentimento seja cada vez mais unilateral – não há reciprocidade.
Como resultado, as principais características incluem um amor:
- Fantasioso;
- Idealização do outro como perfeito;
- O outro é sempre admirável;
- Impossível;
- Não correspondido;
- Afeto profundo;
- Percepção de valores e interesses iguais;
- Sem desejos sexuais;
- Repleto de ilusões, etc.
Aqui, precisamos abrir uma lacuna importante.
Muitas vezes, há uma idealização de amores platônicos que não são saudáveis. Principalmente quando essa relação existe, mas é abusiva.
Vemos, por exemplo, diversas mulheres que idealizam seu par romântico mesmo ele tendo um conjunto de características nocivas. Como ciúmes excessivo, agressividade, irritabilidade, controle e assim por diante.
Aqui, há uma parte que idealiza o outro, tem contato e até relações sexuais. Porém, é comum que se refira a um comportamento aprendido, uma dependência emocional. Ou seja, é um outro tema.
Entenda qual o impacto na sua vida
Por fim, separamos quais os impactos do amor platônico na sua vida. Destacando que algumas pessoas têm apenas um desses amores por vez, enquanto outras tem vários.
Assim, será mais fácil entender por que sente algumas emoções, como elas se relacionam com sua tomada de decisões e mais. Vamos lá!
Sua autoestima pode ser afetada
A autoestima é um aspecto humano natural afetado por uma série de fatores. Ou seja, dependendo das suas necessidades, da sua história, há coisas capazes de causar um grande impacto.
Por exemplo, se você está em um lugar e alguém diz que seu cabelo parece desarrumado, como você reage? Tem aqueles que irão prender os fios, outros irão embora do local e até aqueles que irão dizer que não pediram opinião alheia.
Nos amores platônicos, a sua autoestima pode ser afetada pela falta de reciprocidade, por não haver uma “devolução”.
Dessa forma, você pode ter dúvidas sobre o seu valor, sobre o quanto é incrível, sobre suas características, beleza ou atratividade. Aquela ideia de “ele não me retorna por eu não ser boa o suficiente”. Sendo que, talvez, o outro não tenha conhecimento nenhum sobre você.
Sentimentos de frustração e desapontamento
Se você tem um amor platônico, é provável que já tenha ficado frustrado ou descontente em algum momento, ainda que esse sentimento não tenha sido direcionado exatamente por aquele objeto amado.
Em outras palavras, a ausência da reciprocidade, do afeto do outro, que é tão idealizado, causa esses sentimentos negativos.
Por exemplo, você pode sentir que não é valorizado pelo que faz, que suas ações não parecem surtir o efeito esperado ou até que o outro não fez o que você queria – ainda que ele mal soubesse disso.
Distorção sobre o que são (ou como deveriam ser) as relações
Ao entender o que é amor platônico é compreender que há um distanciamento entre as pessoas envolvidas. Seja um distanciamento físico (uma pessoa famosa e um fã) ou mesmo sentimental (quando são pessoas que se conhecem).
Muitas vezes, quem ama o outro dessa maneira, com essa idealização, entende que as relações são assim mesmo. Logo, você tem dificuldades com o real, com as relações diárias.
Dessa forma, são pessoas que não entendem que o outro comete erros, falha, diz “não”, bem como não entendem como o outro pode ficar doente, ser grosseiro ou mesmo vir a falecer.
Na prática, isso provoca um distanciamento social. São aqueles indivíduos que não conseguem sustentar uma conversa comum, sair com os colegas, conviver diariamente, etc.
Assim, as relações são afetadas profundamente. Desde um indivíduo que não consegue ter amigos, manter um emprego ou aqueles que constantemente criticam o outro e veem falhas no outro. Afinal, elas não cumprem com o seu “ideal”.
Nada está bom ou talvez “eu não queira mais”
Outro impacto desses amores na sua vida está dividido em dois aspectos bastante semelhantes.
Primeiramente, esse amor platônico que causa uma sensação constante de insatisfação, você não consegue realmente aproveitar aquilo que já conquistou, o que já tem.
Ou seja, é aquela alegria muito rápida por ter conquistado algo que queria muito, fazendo você entrar rapidamente em mais um ciclo de desejo. Frequentemente, isso se torna evidente por uma sensação constante de cansaço.
Em segundo lugar, parece que nada está bom, tudo causa um impacto pequeno, resultado em uma busca desenfreada por mais alguma coisa, por algo que tire você do lugar.
Ao mesmo tempo, notamos que são pessoas que nem sempre sabem realmente o que querem, ficando naquela zona confortável, que já conhecem.
Por exemplo, conhecer alguém (aceitando suas imperfeições) parece ser mais difícil que manter aquele amor platônico que você já conhece.
Enfim, o amor platônico impacta sua vida de diversas maneiras pela idealização daquilo que você não possui, o sofrimento por desejar aquilo que é inatingível, bem com aquela sensação de que nada é bom o suficiente.
Por isso, se você tem um amor platônico, avalie se este prejudica ou não a sua vida e como isso acontece. Simultaneamente, procure suporte psicológico para reavaliar suas necessidades e expectativas. Cuide de si e tenha mais qualidade de vida!
