A resiliência é um termo comum, mas que não é usado corretamente todas as vezes e, em alguns casos, causa certa confusão. Afinal, não se trata apenas de ter uma atitude em um determinado momento, mas de levar aspectos e hábitos para a vida como um todo.
Da mesma maneira, ser resiliente muda a sua perspectiva, traz benefícios importantes, principalmente para a saúde mental. E é neste cenário que vemos a importância de falarmos sobre o assunto e das peculiaridades que surgem sobre o tema.
O que é resiliência?
Primeiramente, vamos ao conceito original da resiliência, diretamente a Física.
Segundo o dicionário, um corpo é resiliente quando é capaz de voltar a sua forma original após ter sido exposto a algum tipo de ação/força. Ou seja, ele retorna ao que era antes da “deformação”.
Claro que esse é um significado concreto, baseado em aspectos matemáticos. Mas, é a partir disso, que chegamos ao sentido figurado e mais relevante para a psicologia.
Então, definimos o resiliente como a capacidade de recobrar ou se adaptar as mudanças e demais ocorrências.
Cabe destacar que existem diversos estudos sobre os motivos que levaram a escolha desse nome. Entretanto, alguns dos pontos mais importantes é que, mesmo na física, havia o estudo sobre a vulnerabilidade daquele corpo.
Em outras palavras, a ideia da resiliência não provém unicamente da capacidade de retornar ao seu estado ou de se adaptar. Mas também do desenvolvimento, vulnerabilidade e do próprio comportamento diante de tais situações.
Se pensamos na teoria física, o corpo era capaz de lidar ou não com a adversidade e voltar ao seu estado original sem nenhum tipo de dano ou ruptura.
Partindo para uma análise psicológica, temos que o corpo passa por essas situações e pode sofrer danos e rupturas (no próprio sentido figurado), mas consegue se adaptar, responder e se recuperar.
Enfim, ao pensamos nos seres humanos, ao longo dos milhares de anos de evolução, é justamente isso que aconteceu: adaptação.
Cadê o Latim?
Não é segredo que a maioria das palavras que conhecemos vem do latim.
Neste caso, o termo “resiliente” vem do “resilire”, que significa algo como “recusar” ou “voltar atrás”.
Quais os tipos de resiliência?
A resiliência, em alguns casos, é descrita como algo completamente místico, interno e até divino, quando podemos trazer o conceito para algo mais prático e fácil de ser compreendido.
Neste aspecto, há uma frase importante de Viktor Frankl, um psiquiatra austríaco. Segundo ele: “quem tem um porquê, enfrenta qualquer como”.
Mesmo que seja uma ideia bastante generalista, ela emoldura uma forma inteligente de entender a resiliência. Sendo então a capacidade de enfrentar a partir de um desejo, sonho, objetivo ou propósito.
Logo, é válido consideramos os tipos que existem e como cada um deles se expressa:
Emocional
O mais estudado e citado na psicologia, a resiliência emocional se refere a capacidade de entender e lidar com as emoções, sentimentos e tudo ligado ao psiquismo.
Acadêmico
Ser resiliente academicamente envolve tanto o ambiente de estudo quanto trabalho. Aqui, o ser humano é colocado sob a pressão de lidar com prazos, conhecimento, volume de informações, notas e avaliações, etc.
Além disso, é nesse tipo de ambiente que muitas vezes surge o falar em público (independe do seu desejo pessoal).
Social
O social engloba todos os ambientes.
Portanto, é aqui que você precisa ser resiliente para lidar com desavenças e brigas, discussões e conflitos, términos, contato com o novo, tempo e assim por diante.
Para finalizar este tópico, você precisa ter em mente que, mesmo com esses tipos, que facilitam a identificação, uma mesma situação pode exigir diferentes habilidades.
Por exemplo, se você está no ambiente de trabalho e acaba discutindo com uma amiga (que também trabalhar ali), antes de uma reunião vai precisar da resiliência:
- Emocional: já que ela é importante para você e a discussão afetou seus sentimentos;
- Acadêmica: para enfrentar toda a situação e manter o profissionalismo na reunião;
- Social: para lidar com as pessoas no ambiente.
Essa dicotomia é apenas uma maneira de entender em qual desses aspectos você tem maior dificuldade ou não.
O que é ser uma pessoa resiliente?
Ser uma pessoa resiliente significa entender e se adaptar, garantindo o seu bem-estar pessoal e reduzindo os níveis de estresse e ansiedade.
Isso não significa que o resiliente não sente ou sente menos, que é indiferente aos demais ou qualquer coisa do gênero. Refere-se uma habilidade socioemocional ensinada na infância ou aprendida ao longo da vida.
Ser uma pessoa resiliente significa que você consegue lidar com a adversidade e encontrar forças em si para se reerguer. Essas forças, geralmente, partem de aprendizados, observação ou mesmo de algo mais interno.
Assim, o indivíduo sofre e sente a situação conforme as ferramentas que possui, mas entende que existem formas mais equilibradas de resolver ou lidar com tudo o que está acontecendo.
Imagine o seguinte cenário: tudo parece estar em harmonia na sua vida, sem acontecimento ruins ou excessivamente bons. Ou seja, sua carreira está estável, seu relacionamento não tem brigas, visita seus familiares aos feriados, as contas estão em relativa ordem.
Então, em um dia como outro qualquer, a empresa na qual trabalha quebra ou você simplesmente é demitido. Esse é um grande baque que vai afetar a sua vida (e de outros) de várias maneiras.
Portanto, você vai sofrer inicialmente, sentirá que está perdido e pode até ficar alguns dias triste. Aí, começa a pensar no que fazer, em quais são suas oportunidades a partir de agora, como organizar a vida para se preparar para o novo, etc.
Vale a pena citar Viktor aqui novamente, em sua obra, ele diz: “Quando não conseguimos mais mudar uma situação, temos o desafio de mudar a nós mesmos”.
No exemplo, é essa a questão: você não pode resolver a questão de ter sido demitido, mas pode descobrir o que fazer a partir do inesperado.
Como ter a capacidade de ser resiliente?
Se você está no processo de buscar a resiliência, o primeiro passo é entender que existem situações que podem causar um impacto tão grande, no qual não é possível reagir rapidamente.
Ou seja, mesmo o indivíduo mais resiliente, em um momento complexo, pode ficar estagnado e esperando o tempo resolver algumas questões.
Essa perspectiva é importante porque todo ser humano é amplo, repleto de peculiaridades e individualidade. Fazendo com que o conhecimento e aprendizado seja constante.
Dito isso, existem alguns pilares que vão te ajudar nesse processo de aprender a se restaurar, reinventar ou mesmo para superar os obstáculos que vão surgindo.
Abandone a visão de funil
A visão de funil é direta, específica e problemática em vários aspectos.
Em suma, é quando você não consegue enxergar uma situação sob outra perspectiva, o que também compromete a empatia.
Desse modo, a ideia é que você comece a trabalhar para ver e entender além daquilo que é apresentado a você, considerando aspectos gerais da situação, pessoas envolvidas, consequências e assim por diante.
Quando você tem uma visão muito fechada, fica impedido de analisar o todo, não encontra soluções práticas ou mesmo outros caminhos e oportunidades.
Considerando o exemplo acima, da perda de emprego. Se pensar unicamente nisso, não sairá do lugar. Mas se começar a observar outras áreas de potencial, empresas distintas, chances de abrir um negócio próprio ou mesmo que dá para respirar fundo antes de entrar em desespero, as coisas começam a acontecer.
Fique atento a toda negatividade: a sua e das pessoas
Muitos falam que ser resiliente é o mesmo que pensar ou ser alguém mais positivo. E há certa relação, mas não é só isso.
Quando pensamos em positividade, sempre surge a ideia de só pensar “bem” e evitar qualquer emoção que não seja boa. Porém, as emoções negativas são essenciais para o desenvolvimento humano, ajudam a trazer uma nova perspectiva e causam impulsos.
Além disso, não há como pensar positivo o tempo inteiro, principalmente, quando algo “ruim” ou traumático acontece.
O foco neste ponto é ter uma atitude mais positiva sempre que isso for possível.
Em outras palavras, busque pensar em formas de resolver os problemas que surgirem, ao invés de ficar constantemente reclamando e remoendo aquilo sem sair do lugar.
Ao mesmo tempo, mesmo que você sofra por aquilo que aconteceu, não fique preso ao sentimento e foque em um tratamento efetivo para enfrentar e superar.
Inteligência Emocional e Comportamento Humano
Para ter a capacidade de ser resiliente, você precisa entender o que está sentindo, como isso afeta você e também a reconhecer as emoções dos demais.
Dessa forma, você será capaz de compreender os sinais e emoções, entender como os sentimentos afetam a sua rotina e relações. Isso também permite que você identifique as emoções de terceiros e saiba como reagir.
Neste cenário, fica mais fácil terminar seus afazeres de forma satisfatória, seguir uma rotina, entender quais são seus limites e quando é hora de fazer uma pausa.
Além disso, vai ajudar a reduzir aquele sentimento de tristeza ao final do dia (comum quando as coisas não saem conforme planejado), bem como o estresse e ansiedade.
Tenha um projeto de vida
Ter um projeto de vida, ou mesmo um proposito, funciona como um guia, que vai lhe ajudar a encontrar o caminho e a felicidade.
Segundo especialistas, quando há um objetivo, você se dedica mais a vida, aos feitos e não dá enfoque as coisas pequenas ou obstáculos que vão surgindo no percurso.
Em simultâneo, isso provoca um enfoque maior no pessoal, transforma as experiências e evita que o negativo se torne um excesso.
E como fazer isso?
Bom, ter um propósito ou projeto de vida é algo completamente individual e que depende dos seus valores, crenças e entender quais suas expectativas.
O ideal é começar essa busca de autoconhecimento para entender o que realmente quer, onde quer chegar, quais são suas características, bem como sair da sua zona de conforto.
Talvez, o seu objetivo seja conseguir um emprego estável, sua casa e viver tranquilo, próximo daqueles que ama.
Mas você também pode querer abrir seu próprio negócio, ter estabilidade emocional, dar mais para quem ama, etc.
Cabe destacar que isso vai impulsionar você a tomar decisões mais decisivas, escolher quais caminhos seguir e agir por si mesmo, ao invés de esperar que as coisas aconteçam.
Flexibilidade e aprendizados
A resiliência significa uma capacidade de se adaptar diante das adversidades que vão surgindo naturalmente na vida.
Para isso, você precisa ser mais flexível, já que a rigidez excessiva pode causar muito sofrimento psíquico, negatividade, visão de funil e mais. Neste cenário, é importante estar aberto a novos aprendizados.
E não acaba por aqui, esse processo de se tornar resiliente inclui observar e aprender com o passado, mas sem ficar preso ao que já aconteceu.
Inclusive, manter bons hábitos (como rotina, alimentação e exercícios), auxilia nessa mudança de perspectiva, cuidar de si mesmo todos os dias, ter pessoas ao seu redor que não sejam tóxicas, bem como sorrir mais e tentar levar uma vida mais leve.
Quais os benefícios da resiliência?
O principal benefício da resiliência é uma elevação na capacidade do indivíduo em lidar com os obstáculos de forma saudável. Ou seja, entendendo e superando, sem ficar estagnado.
As pessoas resilientes também se tornam mais produtivas, felizes, focadas nos seus propósitos e reduz os níveis de estresse, ansiedade e tristeza.
Pensando nos comportamentos associados ao resiliente, como maior autocontrole, inteligência emocional, empatia, autoconfiança e sentido de vida, traz mais harmonia, reduz conflitos e promove qualidade de vida.
Mas, um dos benefícios mais procurados na resiliência é a redução do estresse, aumento no bem-estar diário, cultivo de relações positivas e eliminação do remorso.
Como exige maior reflexão e aprendizados, a resiliência traz a autodescoberta à tona, fazendo com que você pense sobre si, situações, passado, futuro e relações.
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