Transtorno de Personalidade Borderline

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Borderline é um termo em inglês e significa “fronteiriço”. E tem esse nome justamente por não poder ser classificado completamente dentro de nenhum outro transtorno, seja os neuróticos ou psicóticos: ele está ali na fronteira entre os espectros, está na Borda. 

Sentimentos intensos como uma alegria ou um amor contagiante, do nada, se torna em um ódio profundo em um piscar de olhos. Um descontrole das emoções que se convertem em agressões físicas, verbais e são seguidas de sentimentos de culpa e abandono.

Hetero-agressões (quando a agressão é contra o outro), auto-agressão (quando a violência é auto infligida), ideias e tentativas de suicídio. Afinal, o que está acontecendo? Que montanha russa emocional é essa? Essas emoções e comportamentos intensos e oscilantes, podem dar uma breve ideia do que vive alguém com borderline

É muito comum que os comportamentos das pessoas “border” sejam lembrados como os dos jovens rebeldes, aqueles que não tem tolerância nenhum as frustrações. Porém, um jovem que manifesta muitos problemas de controles emocionais e comportamentais, que são frutos de uma construção ambiental, pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, o adulto com o transtorno de personalidade borderline parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.

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O QUE É O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE?

Esse transtorno compõe o grupo de vários outros que também são considerados como ‘de personalidade’. Essa condição tem como característica um padrão generalizado bem instável e hipersensível nos relacionamentos, na autoimagem, impulsividade e oscilações extremas no humor.  

Pessoas com transtorno de personalidade borderline tem como marca não suportar ficarem sozinhos, fazendo esforços gigantes para evitar que fiquem sozinhos, por se sentirem abandonados. É muito comum que, para impedir que fiquem sozinhos, tenham crises e tentativas suicidas, acarretando que as outras pessoas busquem resgatá-los, acolhê-los e cuidar deles. 

Estima-se que 6% da população mundial sofra do transtorno de personalidade borderline (TPB), uma doença caracterizada pela intensa instabilidade emocional. Se por um lado não há estatísticas sobre sua prevalência no Brasil, por outro aproximadamente 10% dos pacientes diagnosticados no nosso país cometem suicídio, segundo estimativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). 

Em pessoas com borderline, as comorbidades* são complexas. É muito frequente que elas tenham outros transtornos associados, de forma mais especial a depressão, os transtornos de ansiedade, humor, transtornos de humor, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos de personalidade, bem como transtornos alimentares e transtornos de uso de medicamentos.

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*COMORBIDADES: Comorbidade é a junção de duas ou mais doenças em um mesmo indivíduo. Por exemplo, se uma pessoa tiver hipertensão (pressão alta) e um problema endócrino, como o diabetes, ela tem patologias associadas, ou seja, ela tem comorbidades.

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O QUE CAUSA O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE?

São vários os pontos que devem ser olhados para pensar a origem desse transtorno, não podemos olhar para um único fator como definidor, mas todo um contexto de vida. Situações estressantes na primeira infância* são fatores que contribuem para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline.  

Como exemplos de estressores podemos pensar em histórico de abuso físico; abuso sexual; abuso psicológico na infância; Situações de negligência; Separação dos pais/mães ou cuidadores.

Outro ponto é a questão hereditária. Existem pessoas que podem apresentar tendência genética de ter respostas de adoecimento por conta do estresse do ambiente que vive, fazendo com que o transtorno de personalidade borderline pareça claramente ter um componente hereditário. Familiares de primeiro grau de pessoas com transtorno de personalidade borderline podem ser 5 vezes mais propensos a desenvolver TPB do que a população em geral.

Distúrbios nas funções reguladoras dos sistemas cerebrais também podem contribuir, mas não estão presentes em todos os pacientes com transtorno de personalidade borderline, então não podemos trazer como algo categórico. 

*PRIMEIRA INFÂNCIA: A primeira infância compreende a fase dos 0 aos 6 anos e é um período crucial no qual ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE BORDERLINE?

O diagnóstico não é feito por exames de sangue ou de imagem, muito menos a partir após de uma avaliação breve e pontual de alguma situação. Para que possamos dizer que uma pessoa tem o transtorno de personalidade borderline (ou Síndrome de Borderline), precisamos, inicialmente, de um profissional ou uma equipe de profissionais da saúde mental qualificados. Esses profissionais irão analisar com muito cuidado todo um histórico de vida e os sintomas permanentes. 

Os profissionais responsáveis por esse diagnóstico devem ter a clareza de diferenciar o transtorno de personalidade borderline de outras condições de saúde, como outros transtornos mentais, efeitos do uso e abuso de substâncias, questões identitárias e conflituosas, que são mais comuns na adolescência. 

Para definir esse diagnóstico os sintomas devem permanecer estáveis por pelo menos seis meses nos adultos e, pelo menos, um ano nos mais jovens. Essa definição é importante para que não seja confundido uma situação transitória, uma crise pontual, um momento difícil de vida com um diagnóstico de borderline. Quando falamos em transtornos mentais, o acompanhamento precisa ser longo e contínuo. 

Os tratamentos para borderline são variados, ancorados em dois principais. Um deles é o uso de medicamentos e o outro é a psicoterapia. Os dois são pensados caso a caso, tanto qual medicamento e sua respectiva dosagem, assim como qual será a abordagem psicoterápica, quais profissionais estarão envolvidos, quais são as redes de suporte (amigos, família, serviços de saúde…) da pessoa a ser cuidada.

Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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